Bruna Taina Pó Tanh Paliano - Chapecó - SCTexto: O ECA no cotidiano indígena
Clara de Freitas Santos Barros - Vitória da Conquista - BATexto: Will - Futuro
Douglas da Silva Pinto, Maria Clara Reis Amorim Silva e Keyla da Silva Meneses - Caruaru -
PE -Texto: Minha vida: Desencontros e sucessos
Francismar Lamenza - São Paulo - SP -Texto: A prioridade absoluta do ECA para uma criança muito especial
Gilda Silva Gabas - Santos - SP - Texto: A história da minha família
Maíra Mendes Clini - São Paulo - SP - Texto: Nino, o Menino
Sueli Leite da Silva Pereira - São José dos Campos - SP -Texto: Um sonho realizado pelo direito garantido
Estamos na torcida por você D. Gilda... sua história de superações e busca pela felicidade contagia a todos nós!!!!!!
TÍTULO: A história da minha família
Pra começar quero ilustrar como a minha família é composta. Tenho quatro filhos, sendo duas meninas e dois meninos. Hoje vivo com meu companheiro que acima de tudo é meu cúmplice, pois está sempre presente me ajudando a criar e educar meus filhos.
A história que quero trazer para vocês começa quando fiquei viúva. Na época não tinha recurso financeiro nenhum e infelizmente não havia concluído os estudos. Fiquei arrasada na época, pois estava sozinha e com três filhos para criar. Desamparada, certo dia bateu em minha porta uma moça que se apresentou dizendo ser assistente social. Fez inúmeras perguntas pra mim, tais como, se conhecia o CRAS (Centro de Referencia da Assistência Social), se recebia algum benefício e etc. No momento eu não conhecia e achei que a pessoa estava querendo me vender alguma coisa. Mas quando a moça começou a me explicar percebi que realmente existia uma luz no fim do túnel. Dessa forma, fui conhecer o CRAS, onde fizeram meu cadastro do programa bolsa família e a partir daí uma série de oportunidades surgiu em minha vida. Iniciei diversos cursos de artesanato e depois de muito tempo comecei a me sentir alguém útil. Porém toda vez que olhava para meus filhos sentia que ainda faltava alguma coisa. Logo fui procurar informações, no que eu poderia fazer para melhorar a qualidade de vida das crianças. Eles já estavam matriculados na escola, mas não era o suficiente, pois no bairro que moro não tem nenhum atrativo para eles. Então um dia indo pra casa, passei em frente a uma casa que estava escrito: Conselho Tutelar garantindo os direitos da criança e do adolescente. Entrei na esperança que eles me dessem alguma dica, em como poderia promover aos meus filhos atividades de recreação. Lá eles indicaram um serviço chamado sócio-educativo. Na verdade não entendi nada de nada que a pessoa me disse, mas como saí de lá com um endereço, fui nele imediatamente. Ao chegar no local, fui extremamente bem atendida, me explicaram o que era o tal de sócio-educativo e fiquei encantada com a possibilidade dos meus filhos poderem fazer coisas que nunca pensei que fosse possível. Aula de incentivo a leitura, jogos e brincadeiras diversos, artes, capoeira, dança de rua, percussão, teatro além claro do convívio com outras crianças e educadores que estão ali principalmente para incentivar a autonomia deles. Foi visível a mudança de comportamento desde que matriculei os três mais velhos na instituição. Hoje eu converso com eles questões de direito, responsabilidade, cultura e assim eu aprendo com eles e eles aprendem comigo. A forma como guio os passos deles fortalece ainda mais os nossos laços. Por esse motivo, minha filha mais velha conseguiu expressar de forma direta que a escola a qual ela estava inserida, por conta da distancia, fazia com que ela não quisesse mais estudar.
Por entender que o estudo é o único bem que posso deixar para os meus filhos, expliquei para ela que ela deveria continuar indo para escola, mas que, como das outras vezes, iríamos arranjar uma solução para esse problema.
Dessa vez fui procurar apoio no grupo de pais que faço parte, dessa mesma instituição a qual as crianças participam. Lá expus o drama que estava passando, e, com a troca dos saberes foi falado que é direito garantido em lei que toda criança deve ter acesso fácil a escola. Fui aconselhada a procurar a secretaria de educação, pois com certeza lá eles iriam dar um jeito nisso. Chegando na secretaria eles fizeram inúmeros levantamentos, para saber se de fato a distancia era grande para a minha filha não querer e muitas vezes não conseguir ir para escola. Feito isso, chegou-se a conclusão que da minha casa para a escola onde havia conseguido vaga para ela, era praticamente impossível, por exemplo, em um dia de chuva a mesma ir para escola, e, como aqui em Santos mais chove do que quaisquer coisas me deram duas opções. Ou eu entrava com pedido de vale transporte ou eu solicitava através do CT vaga em uma escola no bairro em que moro. Na dúvida fiz as duas coisas. Em menos de um mês minha filha conseguiu a vaga na escola do bairro e hoje ela é uma das melhores da turma. Acorda antes que todo mundo para ir primeiro na ONG e depois sai disparada para escola.
Fico muito feliz com a rotina que a minha família tem, e quando olho para trás vejo e reconheço que se não fosse a união de todos atores e lugares que fazem você ampliar seus conhecimento na busca da cidadania plena, nunca iria atingir esse nível de querer e garantir o melhor para os meus filhos.
Essa é a história da minha família e espero que como eu muitas outras tenham, não um final feliz, mas sim, um recomeço melhor!
Por: Gilda Gabas.
São estórias como esta que fazem valer a pena todos os esforços para um mundo mais igualitário.
ResponderExcluirParabens Sra. Gilda